segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Recanto novo

http://www.abracobom.blogspot.com


_o/

domingo, 30 de agosto de 2009

Dois diálogos

Papai, eu amo um monstro

- Mas pai...
- Já disse; não e não.
- Por que não?

- Olha, minha filha, você conhece o papai: e o papai não acha que namoro e casamento sejam instituições falidas...desde que isso não inclua o seu amigo imaginário!

- Mas eu o AMO. Ele pode ser um monstro, mas me faz feliz.
- Filhinha querida, veja o que você está dizendo...

- Ah, mas a mamãe casou com o senhor. Qual é a diferença?

- A diferença é que eu sou um fauno. Um personagem de contos de fadas. E, se você pensar bem, nos dias de hoje, sou mais real do que muita gente de carne e osso que circula poraí...

- Pior é que é. Detesto quando você tem razão.
- Portanto...

- Tá. Você venceu. Vou começar a sair com um garoto normal, então.
- Hum...defina "garoto normal", para o seu velho, querida.
- Ah, nada, não. É o Suástiquinha. Um menino que conhecí no Orkut.
- Suásti-O-QUÊ?!? Conte-me mais sobre esse rapaz, peloamordedeus.

- Não sei muito. Só que ele tem uns hábitos meio estranhos, tipo, colecionar pessoas e espancar posters sobre o nazismo. Algo do tipo. Ah, e ele votou no Bush. Duas vezes. Você não queria alguém normal? Tá cheio de gente que nem ele poraí...

- Filha...
- Sim?

- Como era mesmo o nome daquele seu amigo monstro...?


Enquanto isso, no Anonimistão...

Colete de dinamite

Abdul Falafél andou pensando. E decidiu que já era hora de ter uma conversa séria com seu filho:

- Abdul, meu filho. Andei pensando e decidí que já é hora de termos uma conversa séria.

- O senhor descobriu sobre as minhas boletas da alegria? Foi só uma vez, eu juro! Bem, talvez duas, ou três...o que importa é que, quem me forneceu, foi o meu amigo Abdul! Ele é que está me botando no mal caminho! Se o senhor tiver de explodir alguém, explode ele! Explode ele!

- Não é nada disso. Não me importo que você use drogas. "Quem quer viver para sempre", não é? Hohoho.

- *Ufa!* Como é bom ouvir isso. Sabe, essa coisa de ser treinado para se tornar homem-bomba pelo próprio pai terrorista...

- "Ativista político".

- Ah, é. Desculpe. Ser treinado pelo pai "ativista político" é uma barra. Mó pressão, tá ligado?

- É exatamente disso que quero falar: aconteça o que acontecer,meu filho, não se apaixone.
- Mas...por que, meu reacionário pai?

- Por que as MULHERES são DEMÔNIOS. Elas ROUBAM o FUTURO dos homens!

- Ah...entendí.

- Portanto, não ouse se envolver com nenhum rabo de saia. A não ser que ela tenha um colete de dinamite maior que o seu.

- Ok. peguei a idéia: mulher, ruim. Dinamite, bom.

- Isso mesmo. Não é atoa que você é o meu filho preferido!

- E o único que ainda está vivo...

- Sim. Mas, mesmo assim, tenho orgulho de você. Tanto que vou te dar 20 pratas, pra você comprar uma porção dessas suas guloseimas ilícitas.

- Ô, paizão. Valeu aê.
- Merece.

O pai sai da sala, deixando o filho com um sorriso perfeito de Playmobil estampado no rosto. Afinal, seu velho nem imaginava que aquele dinheiro era o que faltava para comprar um par de passagens só de ida para qualquer lugar longe dalí.

Uma pra ele, e outra para a Abdula, sua amada.

sábado, 15 de agosto de 2009

Júlias

Júlia já não era nenhuma criança, mas estava cansada do mundo do adultos.

( Bem vinda ao clube, Júlia! )

E, naquela madrugada fria de Junho, por mais seguro que fosse ficar embaixo das cobertas, precisou se levantar. Tinha que fazer xixi.

Descalça no escuro, andou em direção ao banheiro, que deveria ficar logo á frente. Surpresa: não havia uma porta, e sim, duas.

- Que diabos colocaram no meu sucrílio?!

Em uma dizia: " Ficar olhando para o chão" e na outra "Caminhar, ainda que a passos lentos". Escolheu a segunda, pra ver no que dava.

Mais duas portas.

- Pô! Que saco! Nem um piniquinho?

Na primeira; "Segunda chance", seguida pela entrada que dizia;"Saudade, culpa, medo e solidão".

- Ora. Essa é fácil. Quem não quer uma segunda chance? Do resto, eu já tô cheia...

E, adivinha? É. Mais duas.

Dessa vez, na primeira abertura dizia; " quem está por traz disso tudo" ao lado de; " dá pra se construir um pequeno castelo, sem usar nenhuma pedra ou prego."

Ela duvidou, lógico. Todo mundo faz isso.

Mas, mesmo que a vontade de esganar alguém fosse grande, no fundo, achou melhor deixar quieto.

Afinal, uma das poucas coisas que aprendeu é que, quem vive pelas armas, não pode acabar bem. E escolheu a outra porta.

E, sabe quem estava lá dentro?

Júlia.

Mas não essa que conhecemos. Uma outra. Mais nova. Com grandes olhos brilhantes de quem ainda acredita. Dona de um coração sem rachaduras e seios no lugar.

- Fala sério.

E a pequena falou. De coisas que a xixizenta nem lembrava mais e de tantas outras que ela já deveria saber. Dos seus discos preferidos, do quanto odeia filmes dublados e da importância de se olhar pra frente.

E de circunstâncias.

E que as circunstâncias mudam. As vezes precisam de um empurrãozinho, mas mudam.

Júlia olhou, pensou um pouco e decidiu.

Decidiu que naquela hora da madrugada, não ia dar ouvidos a nenhum fantasma do Natal passado mal explicado.

E foi fazer o seu xixi, porque o mundo não é lugar para amadores e ela tinha muito o que fazer amanhã cedo.

- Me economiza! Vai embora e leve esses seus peitinhos duros com você, que eles estão me dando nos nervos!

Então a pequena Júlia, triste, andou até um cantinho, se jogou no chão, e ficou.

Simplesmente ficou. Que nem um brinquedo quebrado.

Até sumir. Exatamente como fazem os sonhos, se a gente deixar.

sábado, 8 de agosto de 2009

Relógio Suiço

Na tentativa de espantar a solidão, pôs-se a conversar com sua cueca. É a velha história: se você passar muito tempo sozinho, acabará de papo com suas peças intimas.
Todo mundo sabe disso.

Conversa vai, conversa vem, até que a cueca peguntou, incisiva:

- E ai, rapá! Quando é que você vai arrumar alguém que me lave?

- Ahn?

- Você sabe, uma mulher feminina do sexo oposto. Ainda se lembra como é, não?

- Ah, sim, sim. Mas eu já conheci algumas. E todas elas se revelaram o demonho na terra, num periodo de tempo realmente curto.

- Quebrar a cara faz parte do jogo, brô.

- Que seja, mas estou decidido: daqui pra diante, pra me conquistar, a garota tem que ser *perfeita*. Nos mínimos detalhes.

- Você quer uma namorada ou um relógio suiço?
- Ah...você entendeu!

- A coisa que sei, é que o último cara de quem me lembro, que falava de "perfeição" como você, tinha um bigodinho ridículo e um péssimo gosto para roupas. Falava gritando e se cuspia todo. Espero que você não termine como ele. Sinceramente.

- Onde aprendeu isso? Com uma outra roupa de baixo?

- Não. Ele não usava. Era um sujeito cheio de problemas, sem dúvida. Não existe nada perfeito nesse mundo, meu amigo. Á começar por você.

- E qual é o problema comigo?

- Por Deus, homem...você fala com cuecas!!!

sábado, 1 de agosto de 2009

Cora

Tem gente que gosta de tirar foto abraçada em carrão. E tem aqueles cujo único Deus em que realmente acreditam chama-se "grana". Há também quem morra de enfarte vendo jogo de futebol. Gravado.

Podemos atestar, portanto, que o mundo é feito de pessoas esquisitas.

Mas esse não é o caso da mãe da Cora. Ela só está mal. Toda errada mesmo.

Não sabe se a sua vida é um labirinto da morte, ou se alguém muito cretino decretou que ela deveria ser a grande privada do Universo.

Com a sorte que tem, provavelmente ela é a grande privada do Universo correndo pelo labirinto da morte, enquanto foge de uma imensa bola de metal. Vai saber...

A única certeza que ela tinha, é que aquele seria mais um dia horroroso, sujeito á chuvas e trovoadas no decorrer do período.

Tem sido assim ultimamente.

Alheia a tudo, Cora brinca, distante. Pequena princesa, soberana de um apartamento que não acaba mais...

E, quando a dor no peito é mais forte e chorar parece ser tudo que se pode fazer, o que acontece?

A Cora se teleporta( por que é isso, né? Quando alguém que está lá na sala aparece bem na sua frente sem mais nem menos?. Então, teleporte. A menina se teleportou, solentemente, enquanto tropeçava em um ursinho de pelúcia caído no chão.

E abriu um pequeno sorriso gigantesco, que nem dente tinha.

As lágrimas cessaram. A mãe não entendeu nada, mas gostou.

Também percebeu que aquele dia horrível, já não estava tão ruim, embora continuasse com uma interrogação na cabeça.

E, mesmo que a Cora soubesse falar e explicasse que um pouco de leveza ajuda nas horas pesadas, ela não entenderia.

Por que os adultos são assim; se acham muito espertos,mas não entendem as coisas...

sábado, 25 de julho de 2009

Cadernos no chão

Coração era um menino muito esperto para algumas coisas. Para outras, nem tanto.

Acontece que a Vida, essa garota de humor estranho, tinha o hábito de pregar peças nele.

Logo, sempre que estava para acontecer algo de bom com o coitado, podia bem ser uma brincadeira. Seria sonho ou ilusão? Que dúvida cruel!

Nesses momentos, ele contava com Pés no chão, que, mesmo sendo um tipo meio chato e ranzinza, vivia tirando-o de enrascadas. Amigo a gente não escolhe. Ainda mais, os imaginários.

Pra piorar, por conta das travessuras da Vida, Esperança, seu cãozinho, estava cada vez mais doente.

Até que um dia:

Corredor do colégio. Tropeção. Plaft! Cadernos no chão.

- Posso te ajudar?
- Ah, obrigada...

E Coração conheceu Asas abertas. Menina inteligente, sarcática, de modos polidos, mas não muito. Um amor de pessoa.

Juntos, os três cuidaram do cachorrinho, que logo, sarou.

Então Coração aprendeu que, com pés no chão, mas com as asas abertas, ele podia qualquer coisa.

E foi ser feliz, que já tava na hora, né?

sábado, 18 de julho de 2009

Fantasmina

- Roberto, essa é a Fantasmina, aquela amiga de quem te falei.
- Oi, Fantasmina!
- Oi, Roberto! Prazer.
- Tú viu que demais?!? Ela tem cabelo rosa!
- Ví sim. Bem bonito. Agora, me diga alguma coisa que eu ainda não saiba.

- Ela tá morta.

- Ah...é? E, como "foi" Fantasmina?
- Me cortei com papel.
- Interessante. Bem, isso explica tudo. Por falar em papel, você gosta de cheirinho de livro novo?
- Adoro...

Apaixonaram-se.

***

Um ano depois, ainda estavam juntos. E felizes. Tinham até um hamster. Mas, chega um momento na vida(?) de uma garota, que ela precisa tomar uma decisão:

- Querido, não acha que está na hora de darmos o próximo passo?
- Quer comprar outro hamster?

- Nãooo...é que, tudo o que sei da sua família está nas fotos que você me mostrou. E o seu álbum de recordações é bem pequeno...
- Fantasmina...( fez uma pequena pausa ) você sabe o quanto eu gosto de você, não sabe? Por isso mesmo, eu tenho medo. Do que os outros possam dizer. Medo, por você.

- Por quê? É a cor do meu cabelo? Eu pinto!

- Fan...como eu queria que todos pudessem te ver como eu te vejo. É que... eu estou vivinho da silva, e você...bem...você sabe!
- Sei...vivos, bah! Gostam tanto de pensar. Pena que seja só em bobagens!
- M-mas...

- Pois lembre-se, beto, que esta coisa de você estar vivo, é algo
meramente temporário. Aja de acordo. E deixe de "mas"!


- Nossa...! Como você é astuta. Toda essa vivacidade. Nunca tem Tpm. E olhos que acendem! É por isso que eu te amo tanto. Vem cá, e me dá um beijo daqueles que só você consegue.

- Com névoazinha?
- Esses mesmo!

***
No mesmo dia:

- Isso é ALGUM TIPO DE PIADA?!?!?
- Não mãe.

- Mas COMO???

- Sei lá. Aconteceu.
- Como é que você está namorando a NETA do OLANDÊS VOADOR e não ME CONTA!?!
- Er...
- Até que enfim, essa família sem graça vai ter alguém importante! Seja muito bem vinda, minha filha!
- Obrigada.

E o inacontecível aconteceu: Roberto e Fantasmina casaram-se.
Foi um momento mágico. Não tiveram filhos, é verdade.
Mas não faltaram hamsters naquela casa.

Nem névoazinha.